Aconteceu comigo



Aconteceu comigo

Terapia de Constelação Sistêmica Familiar – um caso recorrente.

Porque as mulheres da minha família não conseguem manter um relacionamento amoroso com os homens?

Houve uma paciente que se queixava da dificuldade de encontrar um namorado e sempre se perguntava o que poderia ser, chegando até a pensar que ela deveria ser tão desinteressante a ponto de os homens não querer nem a olharem.

Para relatar este caso, vamos utilizar o nome fictício“Senhora X” para a paciente. A Senhora X já vinha de um matrimônio naufragado de curta e atribulada duração. A mesma situação também havia acontecido com a sua mãe, com as tias e com a sua irmã caçula.

Decidi que devíamos utilizar a Constelação Sistêmica Familiar neste caso, pois é um método terapêutico com abordagem sistêmica fenomenológica, de fundo filosófico, desenvolvido pelo psicanalista e filósofo alemão, Bert Hellinger. Uma das técnicas da Constelação é o uso de objetos para representar visualmente o sentimento do paciente, para que assim ele consiga se expressar melhor, chegando diretamente na raiz da situação.

Dessa forma, a Senhora X posicionou na mesa um objeto para representar o então sintoma de desgosto que sentia por não conseguir ter um companheiro, e em seguida, colocou outro objeto para representar ela mesma.

Pedi para que ela olhasse em direção ao objeto, que representava o seu sintoma de desgosto, e em seguida perguntei o que ela sentia ao olhar para ele.Esta falou que tinha uma sensação de muita vergonha, raiva e desprezo. Neste momento, a linguagem corporal dela, diante do sintoma,mostrou um grande desconforto corporal e sinalizou alguns pontos sistêmicos.

A partir da leitura dessas sinalizações sistêmicas,perguntei se alguém por parte materna havia sofrido alguma violência sexual.A Senhora X pensou um pouco e relatou que a sua bisavó materna, quando criança, havia sido vítima de um estupro e foi obrigada a casar-se aos doze anos de idade.

Pedi a ela que colocasse algo para representara sua bisavó materna, e quem seguida olhasse para ele e respondesse o que sentia. Ela disse que sentia tristeza, raiva, ódio, medo, vergonha...“me sinto sem dignidade”, disse por fim.

Após isso, pedi para que ela olhasse para o objeto que representava a sua bisavó e repetisse algumas frases sistêmicas,que iriam promover alívio aos seus sentimentos. Depois disso, a Senhora X relaxou o corpo e com uma das mãos colocou o objeto correspondente ao sintoma para longe, respirou profundamente, ganhando um ar de calmaria e alívio na sua face.

Segundo relato da Senhora X, contado por sua mãe, a sua bisavó ensinou as filhas que os homens não eram dignos de confiança e que as filhas deveriam se casar primeiro com a sua independência financeira. Sem tomar conta do motivo oculto dessa frase, o recado juntamente com os sentimentos, foram repassados por gerações até chegar na Senhora X.

Três anos após esta constelação, reencontrei a Senhora X. Ela estava casada, mãe de duas crianças e segundo as suas próprias palavras: estava muito bem casada.

E você, conhece algum caso recorrente familiar?Se a resposta é sim, então venha constelar!